JOÃO 14:14 — SERÁ QUE JESUS DISSE “ME PEDIRDES” OU ELE DISSE “PEDIRDES ALGO”? — Será que João 14:14 indica que os Cristãos devem orar diretamente a Jesus?
JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA ATUALIZADA : JOÃO 14:14 |
TRADUÇÃO INTERLINEAR DO REINO
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TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO
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JOÃO 14:14: “Se sempre algo vocês pedirem me em o nome de mim isto eu farei.”
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JOÃO 14:14: “Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei.”
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Cristãos e Testemunhas de Jeová concordam que se Jesus não é Deus, não se deve orar a Ele porque orar é uma forma de adoração. Contudo, quando vemos que as Escrituras apoiam a ideia de que Jesus é digno de oração e adoração, temos de concluir que Jesus é realmente Deus por natureza. Assim, a ideia de que Jesus recebe oração nas Escrituras é fortemente contestado pelas Testemunhas de Jeová que mantêm que essa prática não existe nas Escrituras Sagradas.
Um texto que os Cristãos apontam como suporte para a ideia de que Jesus recebe oração é João 14:14. Reza assim na tradução João Ferreira de Almeida Atualizada: “Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, eu a farei.” Cristãos apontam para o fato de que Jesus, não apenas encoraja os crentes a orar a Ele, dizendo “Me pedirdes alguma coisa”, mas Ele é também Aquele que responde à oração com a promessa, “Eu a farei.”
Enquanto esta Escritura apoia fortemente que a oração seja feita a Jesus, torna-se complicado pelo fato de que a Bíblia das Testemunhas de Jeová, A Tradução do Novo Mundo, omite o “me” na frase “pedirdes alguma coisa” em João 14:14. Para demonstrar o preconceito da Sociedade contra esta devoção a Jesus, basta apenas alguém confirmar no texto Grego/Inglês da Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas Cristãs (edição em inglês). Aí as palavras em inglês por debaixo do texto Grego reza: “Se sempre algo vocês pedirem me em o nome de mim isto eu farei.”
SE A TNM É TENDENCIOSA QUANDO OMITE O “ME”, SERÁ QUE A VRJ (VERSÃO REI JAIME) TAMBÉM É TENDENCIOSA?
Um assunto para o qual os cristãos devem estar preparados e ter em atenção é o fato de que não apenas a Tradução do Novo Mundo deixa de fora o primeiro “me” em “pedirdes alguma coisa”, mas outras Bíblias tais como a Versão Rei Jaime também não contêm o primeiro “me” no seu texto. A razão para que certas versões da Bíblia, sem ser apenas a Tradução do Novo Mundo, deixem de fora o “me” é devido às variantes textuais nos manuscritos do texto Grego neste verso.
O texto Majoritário (a maior parte datando por volta do 9º século), divide-se neste assunto, com alguns manuscritos contendo o “me” e outros deixando de fora o “me.” Mas em anos recentes, eruditos descobriram manuscritos das Escrituras Gregas Cristãs (Novo Testamento) que datam desde o segundo e terceiro séculos. Os manuscritos deste versículo do Evangelho de João, os mais antigos disponíveis hoje, são o Papiro 66, escrito em 125 A.D., e o Papiro 75, escrito algures entre 175-225 A.D. Ambos os fragmentos dos papiros contêm o “me” nesta passagem. Não são apenas os mais antigos fragmentos de João que possuímos hoje, que contêm o “me”, mas duas das mais antigas cópias completas do inteiro Novo Testamento em Grego, o Código Sinaítico e o Código Vaticano (também chamados de manuscritos de Wescott e Hort) escritos por volta do 4º século, ambos concordam com a versão dos papiros que contêm “Me pedirdes” em João 14:14.
Visto que Desiderius Erasmus compilou e publicou o texto Grego (Textus Receptus) da versão da Bíblia Rei Jaime nos anos 1500, ele não tinha acesso aos manuscritos Gregos mais antigos que possuímos hoje em dia. Assim, a versão Rei Jaime e outras versões baseadas no Textus Receptus ou no texto Majoritário (incluindo a Emphatic Diaglott do texto Grego da Sociedade Torre de Vigia, publicado por Benjamin Wilson em 1942), não contém o “me” em João 14:14. Enquanto estas Bíblias deixam de fora o “me” baseados nos manuscritos Gregos em que se baseiam, este não é o caso da Tradução do Novo Mundo da Sociedade Torre de Vigia. Ela afirma ser baseada no texto Grego de “Wescott and Hort” (o Código Sinaítico e Código Vaticano) ** os quais suportam a versão do “me” em “me pedirdes alguma coisa.” Assim, quando os tradutores da Tradução Novo Mundo escolhem omitir o “me”, eles o fazem com evidente preconceito contra o apoio dos manuscritos em se orar a Jesus. De fato, João 14:14 é um forte testemunho da aprovação de Jesus da prática da primitiva congregação cristã de dirigir as suas orações a Jesus como Deus.
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** Veja a secção “Texto Grego” na “Introdução” da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas com Referências, 1984, pág. 6