Um traço comum dos cultos e grupos religiosos destrutivos é a prática de “ostracismo” aos membros que saem (dissociados) ou que são expulsos (desassociados ou excomungados) por má conduta. Embora esses grupos muitas vezes afirmem que a prática do ostracismo (proibição de toda a comunicação desnecessária com ex-membros) é uma forma “amorosa” de punição espiritual, muitos questionam a validade desta afirmação. As Testemunhas de Jeová têm uma longa história de ostracizar os membros da família e amigos que deixem a sua religião e a carnificina que esta prática tem deixado para trás na vida de muitas famílias desfeitas é irreconciliável, como a seguinte declaração de uma ex-Testemunha de Jeová testifica:
O meu nome é Brenda Lee (https://www.4jehovah.org/brenda-ex-jehovahs-witness/) e eu sou a autora de Out of the Cocoon: A Young Woman’s Courageous Flight from the Grip of a Religious Cult (Fora do Casulo: O Voo de uma Jovem Mulher Corajosa das Garras de um Culto Religioso) (www.outofthecocoon.net). Eu fui batizada na tenra idade de dez anos e deixei a organização aos dezoito anos quando me mudei da Pensilvânia para o Colorado. Nunca fui oficialmente desassociada das Testemunhas de Jeová e, ainda assim, eu fui ostracizada pela minha mãe, irmã, irmão, quatro sobrinhos e sobrinha, pelos últimos 25 anos. O que é realmente triste é que eles não conhecem o meu filho de dezoito anos. Por isso, o ostracismo teve impacto não só na minha vida, mas também na próxima geração da minha família. Eu ainda tenho a carta inicial da minha mãe, quando cortou relações comigo. Eu acredito que a Torre de Vigia está a cometer genocídio familiar em nome de Deus.
Mentir ou usar palavras cuidadosamente escolhidas, camufladas para enganar os membros e o público em geral é a marca registada de um culto. O ostracismo é um exemplo de como as Testemunhas de Jeová usam o engano no culto. É amplamente conhecido entre ex-Testemunhas de Jeová que os seus parentes Testemunhas de Jeová evitam aqueles que foram criados como Testemunhas de Jeová, mas que nunca foram batizados e os que simplesmente saem da organização, mas que não cometeram nenhum pecado.
A minha amiga enquadra-se na primeira categoria. Ele nunca foi batizada e, ainda assim, a sua mãe e o irmão (um ancião nesta religião) estão a desprezá-la. Inacreditavelmente, eles também desprezam a sua filha portadora de deficiência mental. Sim, esta avó e tio acham que é “amor” desprezar a filha da minha amiga com necessidades especiais! Eu enquadro-me na segunda categoria. Eu simplesmente me afastei e nunca mais ouvi falar da minha família por mais de 25 anos!
Quando a Torre de Vigia diz no seu website: “Aqueles que se tornam inativos na congregação, talvez até mesmo se afastando da associação com outros crentes, não são evitados…” (http://www.jw-media.org/beliefs/beliefsfaq.htm), eles estão a MENTIR pura e simplesmente. Apesar de algumas frases depois da declaração acima, a Torre de Vigia admite: “Aqueles que formalmente dizem que não querem mais ser parte da organização também são evitados,” eles não estão a ser completamente honestos. O resultado de você simplesmente “afastar-se” ou “formalmente dizer” que não quer fazer parte da organização, é o mesmo— ou seja, ostracismo.
Conheço várias pessoas, como a minha amiga que mencionei acima, que foram criadas como Testemunhas de Jeová mas que NUNCA foram “batizadas”, por isso, elas nunca foram oficialmente membros da organização. No entanto, hoje, as suas famílias Testemunhas de Jeová estão a desprezá-las. Eu “afastei-me” com a idade de 18 anos e após duas semanas de não assistir às reuniões, eu era evitada. Contrariamente à declaração acima da Torre de Vigia, nem uma única Testemunha de Jeová falou comigo novamente ou veio à minha formatura, embora eu tenha enviado mais de 50 convites imediatamente antes do meu “afastamento.” Assim, muito antes de eu “formalmente” ter dito que não queria fazer parte da organização das Testemunhas de Jeová, eu fui ostracizada. Eu e muitos outros são a prova viva de que eles estão a mentir sobre a sua política de ostracismo no seu website.
Uma coisa que você deve perceber também, é que eles não deixam simplesmente as pessoas “afastar-se.” Esta é outra de suas declarações enganosas. Tem sido a sua política forçar qualquer “batizado” dissidente a declarar se quer ou não continuar a ser membro, uma vez que se torne inativo, para que possam sentir-se justificados em “ostracizá-los”. Menos de um ano depois de eu ter parado de assistir às reuniões das Testemunhas de Jeová, os anciãos perguntaram-me por carta se eu queria ser conhecida como uma Testemunha de Jeová. Uma vez que eu respondi, fui oficialmente desassociada, mas como já referi anteriormente, o ostracismo já tinha começado muito antes disto.
Na verdade, não há saída honrosa da organização das Testemunhas de Jeová. As Testemunhas são obrigadas a “evitar” membros da familia e amigos que saem se eles forem oficialmente “dessassociados” ou simplesmente se afastarem. Considere as citações seguintes da literatura oficial da Torre de Vigia:
“Os pais dela haviam sido desassociados. Ela não o foi, mas dissociou-se voluntariamente por escrever à congregação uma carta retirando-se dela…Ela se mudou, mas anos depois voltou e verificou que as Testemunhas locais não conversavam com ela…Tal rejeição é apropriada também para com todo aquele que repudia a congregação…Os cristãos, por evitarem também aqueles que deliberadamente se dissociaram, são protegidos contra possíveis conceitos críticos, destituídos de apreço, e mesmo apóstatas…Pense também em como se sentiam os irmãos, as irmãs ou os avós do transgressor. Todavia, colocarem a lealdade ao seu justo Deus à frente da afeição familiar podia salvar-lhes a vida.”—A Sentinela, 15 de Abril, 1988, págs. 26-28
“De fato, quando uma pessoa escolhe abandonar a Jeová e o modo de vida especificado nas Escrituras, os membros fiéis de sua família normalmente sentem muita angústia. ‘Eu amo muito minha irmã…faria qualquer coisa para vê-la voltar a Jeová!’ Maria, cujo irmão deu as costas a Jeová…diz: ‘…Sinto falta dele principalmente nas grandes reuniões de família.’ ” — A Sentinela, 1 de Setembro, 2006, pág.17
“Isso talvez resulte numa provação para os cristãos quando o cônjuge, o filho, o pai, a mãe, ou outro parente próximo é desassociado ou se dissocia da congregação…Esses princípios aplicam-se tanto para os que foram desassociados como para os que se dissociaram…Assim, evitamos também o convívio social com quem foi expulso. Isso significa que não vamos com ele a piqueniques, festas, jogos, compras, ao cinema, nem tomamos refeições com ele, quer em casa quer num restaurante…quando o desassociado ou dissociado é um parente que vive fora do círculo familiar imediato e fora do lar…poderá ser possível ter quase nenhum contato com tal parente.”—Nosso Ministério do Reino, Agosto 2002, págs. 3,4
“E todos sabemos de experiência no decorrer dos anos que um simples “Oi” dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?”—A Sentinela, 15 de Dezembro, 1981, pág. 20
Como se “rejeitar” o ex-membro não fosse suficiente, a Torre de Vigia também admoestou os seus seguidores a “odiar” com “ódio piedoso” todas as ex-Testemunhas de Jeová:
“Mais do que isso, queremos odiar aqueles que voluntariamente se mostram odiadores de Jeová e odiadores do que é bom…Nós os odiamos, não no sentido de querer prejudicá-los ou de desejar-lhes o mal, mas, no sentido de evitá-los assim como evitaríamos veneno ou uma cobra venenosa, porque eles podem envenenar-nos, em sentido espiritual.”— A Sentinela, 15 de Dezembro, 1980, pág. 8
“O ódio piedoso é uma proteção poderosa contra a transgressão, assim como o amor piedoso torna um prazer fazer o que é correto…Estamos fazendo isso?…Os apóstatas estão incluídos entre os que mostram seu ódio por Jeová por se revoltarem contra ele. A apostasia é, na realidade, uma rebelião contra Jeová. …Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová e tentam ativamente obstaculizar a sua obra. …o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade.”— A Sentinela, 1 de Outubro, 1993, pág. 19
É O OSTRACISMO UMA PRÁTICA BÍBLICA?
Jesus disse que os Seus verdadeiros seguidores seriam reconhecidos pelo “amor” que eles tivessem entre si
(João 13:34-35). Embora a Bíblia permita o ato de expulsar um crente Cristão da afiliação da igreja se tivesse comportamento imoral, esta disciplina deve ser administrada com humildade e amor para o bem do destino eterno do crente pecador (Romanos 14:1; Gálatas 6:1; 1 Coríntios 5:4-5). Não era feito do modo escarnecedor, “odioso”, que os anciãos das Testemunhas de Jeová interrogam espiritualmente os seguidores “fracos” para forçar a confissão de atos que eles possam considerar ofensas passíveis de desassociação e obrigar os amigos e parentes Testemunhas de Jeová a “ostracizá-los”, por cortar completamente toda a comunicação desnecessária com eles.
Deveria a política do “ostracismo” ser considerada uma forma “amorosa” de disciplina espiritual? Lemos na Bíblia que a disciplina espiritual é sempre para ser acompanhada por tentativas amorosas de reconciliação (Mateus 18:15-17; 2 Coríntios 2:6-8). As linhas de comunicação são para ser mantidas abertas em todas as situações (2 Tessalonicenses 3:6, 14,15) e o pecador arrependido deve ser recebido de volta imediatamente sem um longo período de avaliação de desmpenho (Lucas 15:18-23). O gráfico seguinte ilustra algumas das diferenças significativas entre a prática da desassociação das Testemunhas de Jeová e a prática Cristã da correção espiritual descrita na Bíblia:
DISCIPLINA DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ |
DISCIPLINA BÍBLICA |
Pecados passíveis de Desassociação:
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Pecados passíveis de Expulsão– 1 Coríntios 5:11; Tito 3:10; 2 Tessalonicenses 3:6
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Uma Testemunha de Jeová não arrependida é desassociada sem a participação da congregação. A Testemunha de Jeová que tem “conduta impura” de acordo com as diretrizes da Torre de Vigia é desassociada por uma “comissão judicativa” composta por até três anciãos Testemunhas de Jeová. Esta decisão é tomada a portas fechadas, sem a entrada de outros da congregação. |
Um “irmão” Cristão não arrependido é expulso da congregação/igreja só depois de ele se ter recusado a ouvir a repreensão de pelo menos dois irmãos e a congregação como um todo. |
As Testemunhas de Jeová desassociadas não são para ser consideradas “irmãos” na fé, mas antes inimigos que devem ser “odiados” com “ódio piedoso” (WT 15-12-1980, pág. 8 e WT 01-10-1993, pág.19). |
Os membros expulsos são “amados,” não “odiados” |
A menos que o membro seja designado como um “ancião,” qualificado, toda a comunicação entre os membros das Testemunhas de Jeová e Ex-Testemunhas de Jeová é estritamente proibida. Referindo 2 João 10 para apoiar esta prática, a Torre de Vigia coloca esta passagem fora do contexto. Este versículo fala do não cumprimento/acolhimento de falsos mestres nas Igrejas (em casas) do primeiro século para proclamar a sua falsa mensagem do evangelho aos membros da igreja. Esta passagem não tem nada a ver com a forma de tratar um “irmão” desassociado. |
Embora a “associação” com um “irmão” expulso seja limitada (2 Tessalonicenses 3:6, 14; 1 Coríntios 5:11), eles são autorizados a falar com ele e a “admoestá-lo” a se converter do seu caminho pecaminoso. |
Ex-Testemunhas de Jeová que não cometeram nenhum pecado mas que se dissociaram da organização Torre de Vigia, são ostracizados juntamente com aqueles que foram oficialmente dessassociados por transgressão. |
Não existe nenhuma ordem nas Escrituras para ostracizar aqueles que abandonam a fé Cristã (1 João 2:19). Enquanto que aqueles que causam divisões (Romanos 16:17) ou promovem falsas doutrinas (Tito 3:10) devem ser vigiados e “rejeitados” se não se arrependerem depois de terem sido avisados, não existe nenhuma ordem para parar de se comunicar com ex-crentes. |
PARA MAIS INFORMAÇÃO VEJA:
SALVAÇÃO – O que é necessário para se ter vida eterna? (4witness.org)
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1. Todos os textos citados são da Almeida Revista e Atualizada.