Diálogo 1b: Ame nosso Irmão e Ostracize nossa Mãe?

Duas irmãs Testemunhas de Jeová, discutem a política da Torre de Vigia de ostracizar aqueles que deixam esta religião e contrastam a diferença entre a falta de amor demonstrado entre os seguidores fiéis da Torre de Vigia, com o amor fraternal mostrado entre os seguidores cristãos de Jeová que O servem fora da organização.

JÚLIA:     Sara, como pôde o irmão Francisco ser tão cruel com a irmã Catarina? É como se ela não conseguisse fazer nada bem feito. Eu entendo que ele teve que a corrigir por ela ter vestido aquela roupa para o serviço de campo, mas daí a envergonhá-la na frente de toda a congregação desta maneira, eu acho que foi totalmente desnecessário. Eu só não entendo por que Jeová permite que anciãos que não demonstram amor fraternal, estejam na liderança. 

SARA:      Eu sei, Júlia, mas você não deve culpar a Jeová Deus por falhas que vemos nos nossos irmãos. No Seu tempo, Ele vai limpar a Sua organização. Você só precisa ter paciência.

JÚLIA:     Mas, Sara, essa hipocrisia não te incomoda? Como podemos apontar a Cristandade e falar sobre como eles são tão julgadores e condenadores do próximo, quando fazemos a mesma coisa com os nossos irmãos na congregação? A Bíblia não diz que o mundo vai saber que somos cristãos, pelo nosso amor uns pelos outros?

SARA:      Sim. . .

JÚLIA:     O irmão Francisco é tudo menos amoroso. Você se lembra da forma como ele agiu quando a mãe se dissociou da organização Torre de Vigia? Parecia até que ela tinha amaldiçoado a Jeová Deus.

SARA:      Eu sei, Júlia. Eu tive dificuldade em lidar com isso também, mas não devemos esquecer que o nosso amor a Jeová precisa ser maior do que o nosso amor pela nossa mãe terrena. Ao rejeitar a organização Torre de Vigia, a mãe rejeitou a verdade, e não nos devemos associar com ela ou Jeová pode rejeitar-nos também.

JÚLIA:     Eu sei que ela teve um momento difícil com a hipocrisia que ela viu na congregação e por algum motivo ela acha que pode servir a Jeová sem a Torre de Vigia. Eu não a entendo, mas isso não parece ser um bom motivo pelo qual devamos recusar-nos a falar com ela.

SARA:      Sim, Júlia, mas a nossa lealdade para com a organização de Jeová requer de nós que não nos associemos com ela nunca mais. Se a irmã Lurdes tivesse visto vocês as duas juntas no outro dia e fosse contar ao irmão Francisco, você sabe o que ele teria feito.

JÚLIA:     Eu sei, mas você não percebe o quão difícil foi para mim, foi tentar resistir a dizer “Olá” a ela, quando a vi na loja ontem? Ela não vê os netos desde que o Luís tinha dois anos de idade! Por que um Deus amoroso nos obrigaria a evitar a nossa mãe desta forma?

SARA:      Júlia, não se lembra do artigo da Sentinela sobre como devemos tratar aqueles que deixam a organização? Nesse artigo, foi feita a pergunta: “Significaria a defesa da justiça de Deus e do seu arranjo de desassociação que o cristão não deve falar nada com alguém expulso, nem mesmo dizendo: “Bom dia”?”1. Em resposta, a Sociedade disse: “.. todos sabemos de experiência no decorrer dos anos que um simples “Oi” dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?… Portanto, cristãos aparentados com um desassociado que não vive na mesma casa devem esforçar-se a evitar a associação desnecessária, mantendo até mesmo os negócios reduzidos ao mínimo.”2. Então você vê, Júlia, Jeová requer que nós mantenhamos a congregação limpa e você sabe o que isso significa

JÚLIA:     O que isso significa! Porque eu devo amar o irmão Francisco que atropela qualquer um que ouse ficar no seu caminho, mas ao mesmo tempo, estou a evitar a minha mãe que deixou a organização por vontade própria, mas ainda ama a Jeová Deus e nunca faria nada para magoar alguém? Você chama isso de uma organização amorosa? Onde na Bíblia se afirma que devemos evitar aqueles que deixam a Torre de Vigia, porque eles acreditam que podem servir melhor a Jeová fora da organização?

SARA:      Júlia, não diz em 2 João 10: “Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis.”?3. Não significa isto que não devemos falar com alguém que saiu da organização?

JÚLIA:     Sara, veja o contexto dessa passagem aqui em 2 João. Esta carta é dirigida ” à senhora escolhida e aos filhos dela.”4. No livro da Torre de Vigia “Toda a Escritura é inspirada por Deus e Proveitosa”, a Sociedade salienta que “… alguns acham que João escrevia a uma congregação cristã, referindo-se a ela como “senhora escolhida”. Talvez isto visasse confundir perseguidores.”5. Então, você pode ver, Sara, esta carta foi provavelmente escrita a uma congregação que se reunia nas casas dos irmãos. Devido aos muitos instrutores falsos que estavam viajando de congregação em congregação, João advertiu os irmãos para evitar que esses falsos instrutores entrassem em suas casas-congregação e enganassem o rebanho. Mas isso não diz nada sobre como os cristãos devem tratar uma irmã que quer servir a Jeová fora da organização.

SARA:      Mas, Júlia, não diz 2 Tessalonicenses 3:14: “…se alguém não for obediente à nossa palavra por intermédio desta carta, tomai nota de tal, parai de associar-vos com ele, para que fique envergonhado.”?6.

JÚLIA:     Sim, Sara, mas olhe para o versículo seguinte. Versículo 15: “Contudo, não o considereis como inimigo, mas continuai a admoestá-lo como irmão.”7. A minha mãe não deixou a organização, por não querer fazer parte da mesa de Jeová. Ela saiu porque ama a Jeová Deus e sente que servi-Lo fora de uma organização hipócrita, era a melhor forma de ela permanecer fiel a Deus. Todos os textos que eu pesquisei sobre a apostasia têm a ver com abandonar a Jeová Deus—não uma organização!

SARA:      Eu sei, Júlia, mas Jeová não trabalhou sempre através de uma organização? Não requer a lealdade a Jeová Deus, lealdade à sua organização?

JÚLIA:     Eu não tenho certeza, Sara. Não foi o profeta Jeremias acusado de deslealdade e apostasia, quando ele pediu aos seus irmãos para deixar a “organização” do seu dia e disse-lhes que “Quem ficar na cidade morrerá… Mas aquele que sair e se entregar aos babilônios não será morto; pelo menos, escapará com vida e continuará a viver.”?8. E aqueles discípulos que seguiram Jesus, em vez de ficar com a organização sacerdotal por quem tinham sido ensinados, foi de Jeová? Por que é que parece que as pessoas que escolhem a lealdade a Jeová sobre a lealdade a uma organização, acabam por ser perseguidas pelas próprias organizações que afirmam representar a Deus?

 

COMENTÁRIOS:

Amigos, há momentos em que é preciso escolher entre a lealdade a uma organização e lealdade a Deus. Assim como Jesus observou: “Pelos seus frutos os conhecereis…..”9. Também, o apóstolo João declarou: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.”10. Uma organização não morreu para pagar a nossa dívida do pecado, nem uma organização intercede perante Jeová Deus em nosso favor. Onde passaremos a eternidade, depende da nossa relação com uma pessoa – o próprio Jesus, não uma organização. João 8:32, 36 diz: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará…. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”11. Você pode realmente servir a Jeová sem a Torre de Vigia. 

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1. A Sentinela 15 de Dezembro, 1981, pág. 20
2. A Sentinela 15 de Dezembro, 1981, págs. 21, 25
3. Tradução do Novo Mundo
4. 2 João 1, Tradução do Novo Mundo
5. “Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa”,1963, 1990, pág. 259
6. Tradução do Novo Mundo
7. Tradução do Novo Mundo
8. Jeremias 38:2, Nova Tradução na Linguagem de Hoje
9. Mateus 7:16, Almeida Revista e Atualizada
10. 1 João 4:20, Almeida Revista e Atualizada
11. Almeida Revista e Atualizada

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