.: CARTA DE UMA TESTEMUNHA DE JEOVÁ – “Como pode alguém acreditar que Jesus é Deus?”
“Olá! Eu sou uma Testemunha de Jeová. No entanto, antes de estudar com as Testemunhas de Jeová, eu sempre achei que a Bíblia ensina que Jesus não é o Deus Todo-Poderoso, nem parte de uma Trindade. Não vejo igualdade entre o Pai e o Filho. O Filho foi tentado pelo Diabo (Mateus 4:1), enquanto que Deus não pode ser tentado pelo mal (Tiago 1:13). Se o Filho fosse Deus, como poderia a tentação ser real, por oferecer de volta a Deus, algo que Ele mesmo tinha dado a Satanás (Mateus 4:8-9)? O Filho não sabe o dia e a hora, só o Pai sabe (Mateus 24:36). A vontade do Filho é distinta e pode ser diferente da vontade do Pai (Mateus 26:39). O Filho só pode fazer o que Ele vê o Pai fazer (João 5:19), enquanto que o Pai pode fazer todas as coisas (Mateus 19:26). O Filho só tem o poder e a autoridade que Lhe foi “dada” pelo Pai (Mat. 28:18), e o Filho irá renunciar a esse poder no futuro (1 Coríntios 15:24-28). Acima de tudo, o Filho diz que o Pai é “maior” do que ele e que o seu Pai é o seu “Deus.” Se o Filho tem um Deus, como pode ele ser o próprio Deus? Há muito mais que eu poderia escrever, mas tudo isto é bastante convincente, não deixando margem para duvida. Não é? Que o “Rei sobre todos os [outros] deuses,” Jeová vos abençoe. – Salmos 95:3.”
A NOSSA RESPOSTA:
Obrigado por tomar tempo para contactar-nos com a sua convicção de que Jesus não é Deus. Na verdade, é uma tarefa admirável tentar ser uma verdadeira “testemunha” de Jeová, estudando para defender com precisão a identidade do único Deus verdadeiro (João 17:3; 1 João 5:20). Sua análise estudiosa das Escrituras nesta matéria deve ser elogiada.
Em resposta às suas questões, vamos começar por discutir primeiro o que os Cristãos tradicionais querem dizer, quando eles/nós dizemos que “Jesus é Deus.” Nós acreditamos que como Deus (João 1:1), Jesus possui a natureza integral do único Deus verdadeiro (Colossenses 1:19; 2:9), ainda assim, nós NÃO acreditamos que Jesus é o Pai. Como você corretamente observou, quando mencionou que a vontade do Filho é distinta da vontade do Pai, as Escrituras fazem uma clara distinção entre a pessoa do Pai e a pessoa do Filho.
Nós vemos a relação de Jesus com o Pai, da mesma forma que se poderia ver a relação entre um pai humano e seu filho. Assim como o filho é uma pessoa distinta de seu pai e está subordinado à sua vontade, também Jesus como Filho de Deus é uma pessoa distinta de Deus o Pai e está subordinado à vontade de Deus o Pai. No entanto, assim como o filho humano possui a mesma natureza “humana” que seu pai, também Jesus como filho de Deus possui a mesma natureza de “Deus” que Seu pai. É por isso que os Judeus tentaram apedrejar Jesus por blasfémia. Eles entenderam a reinvindicação de Jesus de ser o “Filho de Deus”, como uma afirmação que fazia Dele “igual” na natureza, ao único Deus verdadeiro (Veja João 5:18; 19:7; c.f., Levítico 24:16). É também por isso que Jesus chamou o pai de Seu “Deus” em João 20:17. O Seu Pai seria sempre o Seu “Deus,” assim como os nossos pais humanos serão sempre os nossos antepassados “humanos”.
Da mesma forma que não se argumentaria que um filho humano é um “humano” inferior simplesmente porque o seu pai está numa posição “maior” como líder da família, também seria incorreto argumentar que Jesus é um “Deus” inferior simplesmente porque o Seu Pai está numa posição “maior” de autoridade (João 14:28). Em Lucas 2:51, lemos que Jesus “continuou em sujeição” a Maria e José visto eles estarem numa posição de maior autoridade sobre ele neste momento da sua vida terrena. Será que devemos alegar que Jesus era inferior a eles? Tenho a certeza que agora você vê o nosso ponto de vista de que submissão à autoridade não denota uma natureza inferior. Sendo assim, as referências Bíblicas para este efeito (ou seja João 5:19; Mateus 28:18; 1 Coríntios 11:3 e 15:24-28) não têm qualquer relação com o facto de Jesus ser um “Deus” inferior ou não.
Vamos agora abordar a sua preocupação com as passagens Bíblicas que mostram as capacidades limitadas de Jesus em comparação com as de Deus o Pai. Deus na Sua natureza não pode ser visto (João 1:18), tentado (Tiago 1:13), nem morrer fisicamente (Habacuque 1:12). No entanto, todas essas coisas eram necessárias a Jesus de modo a pagar o preço final para cobrir os pecados da humanidade (Hebreus 9:22). Então, a solução foi Jesus adicionar a natureza humana à sua pessoa Divina. Filipenses 2:5-10 explica como Jesus continuou a existir na “forma” de “Deus” (i.e., natureza), contudo Ele renunciou ao Seu direito de usufruir de igualdade com Deus para que Ele se pudesse limitar à natureza humana que tinha adotado. Nessa altura, Ele experimentou tudo o que nós experimentamos (Hebreus 4:15), e Ele morreu para pagar o preço dos pecados da humanidade. Assim, adicionando uma dimensão humana à Sua pessoa divina (Colossenses 2:9), Jesus tornou-se a imagem visível da “imagem do Deus invisível” (Colossenses 1:15).
Você perguntou, “Se o Filho fosse Deus, como poderia a tentação ser real por oferecer a Deus de volta algo que Ele próprio já tinha dado a Satanás (Mateus 4:8-9)?” Vamos colocar esta questão ao contrário. As Testemunhas de Jeová acreditam que Jeová criou Jesus e que Jesus criou tudo o resto, certo? Na tentação anterior, Satanás disse a Jesus que transformasse as pedras em pão (Mateus 4:3-4). Usando a sua lógica, como poderia haver alguma tentação em convidar Jesus a transformar as pedras em pão, se Ele realmente é Aquele que primeiro criou as pedras? Está a ver o problema desta lógica? O seu argumento assume que Jesus não é Deus, porque Satanás estava a tentar tentá-Lo com os reinos deste mundo, sobre os quais Deus já tivera autoridade. Mas se usarmos este raciocínio, também teríamos que afirmar que Jesus não poderia ser o Criador, porque Satanás estava a tentar tentá-Lo com algumas pedras sobre as quais Jesus já tivera autoridade como seu Criador. Nós sabemos, é claro, que este argumento não pode ser verdadeiro porque as Escrituras são claras em dizer que Jesus é o Criador (Colossenses 1:16-17; João 1:3), assim como são claras em dizer que Jesus é Deus. Então, o verdadeiro teste não era se Jesus era Deus ou o Criador. O verdadeiro teste consistia em saber se Jesus iria pôr de lado as limitações da Sua natureza humana e operar como Deus, antes do momento previsto de fazer isso. Na verdade este foi um teste real porque, como Deus, Ele poderia facilmente pôr de lado a Sua natureza humana e tomar os reinos de volta de Satanás antes de tempo (veja Atos 17:31).
Finalmente, para concluir, gostaria de abordar a sua preocupação com o facto de Jesus nem sempre “saber” tudo o que iria acontecer – especificamente o dia e a hora do Seu retorno (Mateus 24:36). Novamente, Jesus estava operando debaixo das limitações da Sua humanidade. Mas, como Deus, vemos muitos outros exemplos em que Jesus “sabia todas as coisas” (João 2:24-25; 16:30). O gráfico seguinte ilustra como Jesus limitou a Ele mesmo à limitação da sua natureza humana em certos momentos, mas expressou os atributos de Deus, da Sua natureza Divina em outros. Assim, Jesus era tanto 100% Homem (sendo o “Filho do Homem” – Mateus 26:64) e 100 % Deus (sendo o “Filho de Deus” – João 5:18; 19:7) unificados na Sua própria Pessoa.
QUALIDADES DIVINAS |
QUALIDADES HUMANAS |
OMNIPOTÊNCIA (Poder Absoluto): Marcos 2:7-12; 14:62-64; João 2:7-11 | FOME & CANSAÇO: Lucas 4:2; João 4:6; Mateus 8:24 |
OMNIPRESENÇA (Presente em Toda a Parte): João 1:48; Mat. 18:20; 28:20 | CORPO FÍSICO LIMITADO: Marcos 3:9; João 11:32 |
OMNISCIÊNCIA (Conhecimento Absoluto): João 2:24-25; 6:64; 16:30 | CONHECIMENTO LIMITADO: Marcos 13:32; João 11:34 |
Para mais informações sobre a evidência Bíblica da Divindade de Jesus Cristo e da Trindade, e respostas ás objeções comuns levantadas pelas Testemunhas de Jeová, por favor, visite os seguintes artigos no nosso website: